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A História da Cachaça e cultura de Paraty


Não tem como separar história da produção desta bebida da história da Paraty. Paraty e cachaça são coisas únicas, tanto que, na época colonial, a palavra paraty era sinônimo de cachaça.

De São Vicente, a cana-de-açúcar foi trazida para o litoral do Rio de Janeiro ainda no século XVI. Em Paraty, com mão de obra escrava de africanos e índios guaianás, a cana era plantada nos morros, onde as chuvas constantes não proporcionaram condições favoráveis para a produção do açúcar. Foi então que encontram na fabricação da aguardente de cana uma alternativa para movimentar a economia local.

Não se sabe exatamente quantos alambiques havia na região no período do Ciclo da Cana-de-Açúcar, mas o uso da cachaça como moeda de troca por escravos na África e a participação de produtores de aguardente em conflitos históricos do século XVII, nos fazem supor que a fabricação do destilado já tinha grande importância econômica e influência política no Rio de Janeiro.

O conflito mais relevante da época foi a chamada “Revolta da Cachaça”. Em 1660, para inibir a produção da cachaça e valorizar a comercialização da bagaceira europeia, Portugal estabeleceu um excessivo imposto cobrado dos fabricantes da aguardente do Rio de Janeiro, que insatisfeitos com a taxação, se rebelaram contra a Metrópole. Aproveitando o levante, neste mesmo ano, Paraty começa uma série de movimentos buscando sua emancipação de Angra dos Reis e sua elevação à categoria de vila. Alguns anos depois, com apoio dos produtores de cachaça, ela se estabelece como “Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”.

Passam-se anos e a importância e a produção da cachaça passa a ter três momentos importantes: Com a descoberta de ouro nas Minas Gerais; a produção de café no Vale do Paraíba; a construção da estrada Paraty X Cunha.

Com a criação da estrada Cunha-Paraty em 1954 e da rodovia Rio-Santos na década de 70, Paraty volta a ser uma importante rota de passagem, agora valorizada pelo seus atrativos turísticos, como as belas praias e monumentos históricos e culturais. A indústria da cachaça viria a encontrar um novo período de prosperidade com a produção voltada para abastecer a demanda local trazida por visitantes de todas as partes do mundo. A Festa da Pinga de Paraty, comemorada todos os anos na cidade com milhares de pessoas, marcou esse novo momento da cachaça paratiense sendo realizada pela primeira vez em 1982.

Em 2013, são sete produtores de cachaça artesanal na cidade. A maioria deles produz no máximo 20 mil litros de cachaça por ano, um número pequeno comparado com o volume produzido no passado, mas coerente com a proposta de priorizar a qualidade e não a quantidade da bebida fabricada. Um dos maiores desafios dos produtores locais para aumentar o volume de produção é ter autonomia na cana-de-açúcar plantada e colhida nas proximidades dos alambiques. Por falta de recursos, estrutura e terras, considerando que Paraty é cercada por reservas naturais, os produtores locais ainda precisam comprar boa parte da cana de outras cidades.

Os poucos engenhos que continuam produzindo cachaça seguem as receitas dos seus antepassados e acreditam na criação de uma identidade local – feito que garantiu o selo de Indicação Geográfica concedido pelo INPI em 2007. Ao conversar com os produtores, vemos que eles acreditam na valorização do processo de produção próprio de Paraty, como o uso da mesma variedade de cana, a fermentação utilizando leveduras selvagens e fubá de milho, a destilação de uma cachaça com teor alcoólico acima dos 42% e priorizando uma boa cachaça branquinha, aquela que prevalece o aroma da cana-de-açúcar.

Eis um pouco da História do nosso querido produto.

Paraty a terra da cachaça.

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